1x03 - Reunião de Família


Já estava anoitecendo quando por fim chegamos à Sunset Valley.


Eu conhecia aquela cidade como a palma da minha mão, e tenho certeza que ganharia um ótimo salário sendo guia turística. 


Lembro-me de correr livremente por essas apagadas ruas. Era uma época tão inocente, onde tinha conhecimento algum sobre o que era “mal”.


Continuamos adentrando as ruas em meio a curvas, quando uma rústica e modesta construção chamou minha atenção. Um sorriso imediato se formou em minha face, só que em instantes, conforme o carro fora se afastando, ele fora diminuindo.


—Não moramos mais ali? —Perguntei.
 —Não Amélia.  Sinto muito. 


O carro por fim parou em frente no que ele denominou de lar. Na certa a construção mais moderna que devo ter visto no meu curto período chamado vida. Posso lhes jurar que por um instante, cheguei à hipótese de que aquilo fosse de fato, bem maior que o sanatório Isobel Hudson. Rapidamente, ele retirou as malas do carro, e em meio a luzes externas, adentramos a casa.


Depois de colocar as malas no hall, ele parou ao meu lado cruzando os braços, e junto a mim, observou o cenário em questão.

—O que acha? —Perguntou ainda imóvel.


—Vejo que conseguiu subir bastante na vida. —Desviei meu olhar para o curioso enfeite sobre a mesinha de canto. Passei meus dedos delicadamente sobre o objeto e logo em seguida, voltei minha atenção a ele. —Irei me acostumar.


De longe, avistei a extravagante figura de preto descendo as escadas. Conforme fora se aproximando, o cheiro do forte perfume aumentava drasticamente, e isso quase me causou uma incomoda dor de cabeça. Ela abriu os braços, e receptiva, disse meu nome em meio à alegria.


—Amélia! Achei que não nos presentearia com sua presença querida. —Esta era Catarina, definitivamente um dos meus piores pesadelos desde criança. Eu a odiava mortalmente, e dividir um teto com ela seria algo que eu não gostaria de repetir novamente. 


Catarina avançou pronta para me dar um abraço, desviei o olhar para meu pai que ainda estava observando a cena, e assim, encenando no meu estilo, retribui.
Um toque suave e agudo soou por entres os cômodos da casa, na certa seria um telefone. Meu pai saiu de sua posição, caminhando em direção a outro aposento.

Rapidamente o abraço foi desfeito. Catarina deu questão de dois passos para trás, disposta a ter uma ampla visão do que estava diante de seus olhos.


—Como anda sua vidinha de mentiras Catarina? —Catarina me fitou ferozmente.


—Aparentemente? Bem melhor do que a sua. —Ela deu uma curta pausa, mirando constantemente meu traje. —Mas espero que as coisas entre nós não tomem o mesmo rumo como há sete anos. Tenho certeza que possamos ser ótimas amigas.


—Não... —Respondi calmamente. —Nós não podemos ser amigas, Catarina. Porque afinal, eu não quero. E, além disso, você não passa de uma vadia que engana meu pai. —Catarina se aproximou. A raiva estava translúcida em seus olhos.


—Escolha minuciosamente suas palavras, Pirralha. É preciso somente um estalar de dedos para te colocar de volta naquele hospício. —Sua expressão voltou ao normal assim que pronunciou a última palavra, recuando para sua posição original. Sentia que havia ganhado a primeira batalha, e isso a confortava.


Meu pai retornou cheio de devaneios. Parou ao lado de Catarina, fitando nossas expressões faciais, e então sorriu.

—O que estavam conversando?
—Nada de mais. Eu só estava sendo Gentil. —Respondi. Catarina deu um sorriso forçado.
—Amélia, tenho certeza que está doida para ver seu irmão. Ele deve estar no quarto. Segunda porta á direita.
Papai me fitou sorrindo, decididamente considerou a maneira como Catarina e eu encenávamos, algo realmente aprovado. E os deixando, subi as escadas em direção ao segundo andar.


De leve, bati na porta. De principio, parecia não haver ninguém no quarto, e cheguei a considerar a hipótese de ter sido “passada pra trás” por Catarina. Mas depois de insistir mais uma vez, a grossa voz respondeu parcialmente irritada.

—Vá embora!

Contraí a porta para mim mesma, e lentamente a abri.


Bruce estava sentado na cadeira próxima à escrivaninha, não deslocava sua atenção perante o monitor do computador. Ele virou-se sem paciência alguma para minha direção assim que ouviu o rugir da madeira. Achava que poderia ser Papai e outro sermão de duas horas.


Sua expressão mudou assim que me viu. A aparência zangada deu espaço para uma serena e gentil, mas ao mesmo tempo um tanto quanto confusa.

—Amélia?


—Estava esperando outra pessoa? Não, porque se estiver, posso voltar em outra ocasião. —Brinquei.


Ele levantou-se e de imediato me abraçou. Essa com toda certeza, foi um dos momentos em que eu, mesmo se quisesse, não conseguiria descrever. Meus braços rodeavam seu tronco, apertando-o com certa força. Bruce estava de fato, diferente. Não se comparava ao garotinho que adorava assistir desenhos aos sábados de manhã. Ele por fim, me soltou.


—Não acredito no que vejo. —Ele exclamou ainda chocado. —Quando você chegou?




—Há uns 15 minutos praticamente. Temos tanta coisa para conversar.


 Ele me puxou, fazendo-me sentar na beirada da cama. Logo em seguida, puxou a mesma cadeira que há segundos atrás utilizava.

—Como é bom te ver, Tampinha. Senti saudades.
—Também senti Bruce. —Sorri. —Você não sabe o quanto esperei por esse momento.
—Por que não respondeu minhas cartas? —Sua expressão demonstrava tristeza e desapontamento.


—Cartas? —Perguntei confusa. —Não recebi carta nenhuma.

Entrei em sua mente, e ouvi uma por uma, as várias lembranças que Bruce tinha no momento. Aniversários, Natais, Dias das Bruxas, ele havia escrito cartas em todas as comemorações possíveis, sempre descrevendo as mesmas coisas. Mas conforme o passar do tempo, não obtendo nenhuma resposta de minha parte, desistiu. Parei por um instante e novamente senti as lágrimas chegando. Com esforço, as segurei e firmemente o encarei.


 —Mas eu mandei as cartas. Mandei dezenas de cartas. Procurei desesperadamente o número do internato em que você estava, e quando finalmente encontrei, o otário do funcionário insistia em dizer que não havia nenhuma Amélia Terwilliger. —Bruce disse. Arregalei os olhos depois de processar corretamente a palavra Internato.


—Internato? 


—É, de onde você acabou de voltar. Sabe, de Twinbrook, aquele só para garotas. Ou por acaso se esqueceu? —Bruce respondeu em um tom de deboche inédito para mim. Ele não estava mentindo, eu podia sentir. 


—Não! —Exclamei. —Não esqueci. —Bruce estranhou meu “esquecimento repentino” mas o ignorou. Deixei o estranho fato de lado, seguindo a mesma tática de Bruce, e passamos a conversar.

Perdemos a noção do tempo. Bruce me contou sobre como ia a vida, a escola, e o clima em casa. Teve certas coisas que fiquei entristecida por ouvir, como o fato dos constantes desentendimentos que tinha com Papai. Mas fiquei feliz em saber, que tirando isso, ele tinha uma vida feliz.


A porta rangeu novamente. Bruce revirou os olhos de imediato. Meu Pai adentrou o cômodo quarto, sorriu para mim.

—O jantar está pronto. Desçam para comer. —Ele disse calmamente.


—Pai? Na verdade... —Dei uma pausa. —Não estou com fome, só cansada. Tive um dia cheio hoje. —Ele me olhou desapontado. —Acho que poderia me mostrar o quarto agora, não?


Me despedi de Bruce, e seguindo meu pai, fui até meu novo quarto. Amplo, espaçoso e vagamente desvitalizado – O que em parte, me lembrou muito o Sanatório.


Reparei nos bichinhos de pelúcia mais ao canto. Reconheci alguns – de minha infância, rasurados pelo tempo – e outros eram novos. Olhei para meu pai, ele pareceu não notar a careta que fiz.

—Quantos anos acha que tenho?


 —Você está diferente, Amélia. Não sabia se seus gostos haviam mudado tanto assim. —Ele suspirou. —Queria te fazer uma surpresa.


—E conseguiu. —Abaixei para pegar um dos ursinhos. —Por que mentiu?
Ele me observou. Sua expressão estava confusa. Perguntava-se o porquê daquela pergunta.
—Você sabe. Sobre meu paradeiro. Bruce pensa que estive esse tempo todo em um internato. Por quê?


Ele passou a suar frio.

—Estávamos passando por uma época difícil, sua mãe... —Gaguejou. —E teve a sua crise, tudo ao mesmo tempo. Eu não queria que ele sofresse mais ainda. —Ele tentou argumentar.


—E eu? —O interrompi. —Eu não sofri?

Ele me fitou apreensivo.

—Você tem noção... De quantas noites eu chorei em silêncio no escuro, pedindo para não estar mais sozinha?



Ficamos em silêncio. Nenhuma palavra foi dita, nossos olhares eram gélidos e ocos. Por fim, ele se virou, e girando a maçaneta, disse:
  

 —Boa noite, Amélia.


19 comentários:

  1. Uuuuuuuuu que capítulo sensacional!!!!
    A-D-O-R-E-I!
    E essa megera da Catarina com certeza vai ter o que merece!!!
    Já sei! Diga pra Amélia colocar veneno no suco dela hsaushuashausah - ou então mate-a dando uma voadora bem no peito dela KKKKKK'

    Adorei viu? Esta maravilhoso!!!
    Um grande abraço! Jeh♥

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    1. Sério? Gostou mesmo?
      Fico aliviada em ouvir isso. Bom saber que estou fazendo certo.
      HAHA! Essa eu vou fazer sofrer pela eternidade, mas claro, tenho que deixá-la agir primeiro, ushaushuasa.
      Quem dera, Amélia ainda não sabe lutar karatê. Ainda.

      Obrigada mesmo Jéh ♥
      Bjus.

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  2. Estou seguindo seu blog, espero que retribua! : )
    Sua história é muito boa, parabéns!
    Se pudermos entrar u uma parceria, entre em contato : )
    http://historiasdamarianna.blogspot.com.br/
    Beijoos

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    1. Oh Sim, muito Obrigada, estou seguindo seu blog também :3
      Muito Obrigada, fico feliz por ouvir isso ^^
      Ok, entrarei sim, muito bom o seu blog, desejo sucesso.
      Beijos :B

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  3. Estou gostando muito da sua história Júh, posso te chamar de Júh né?? kkkkkkkkkk
    Primeira vez que e vê aqui né? Eu sei, eu sei. Comecei a ler A telepata ontem! E estou realmente gostando, mas por favor, não fique sumida do blog, é que tem em alguns blogs que eu acompanhava que pararam e nunca mais os vi lá. :'(
    Está de parabéns! Gostaria de parceria? http://seriesthesims3gp.blogspot.com.br/
    Um grande abraço! =DD

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    1. Sério? *o*
      Como é bom saber que realmente estão gostando. Isto me deixa aliviada, mas enfim. Pode sim (Aliás, todo mundo me chama assim ._.)
      Uhusahsuahs, Pretendo não sumir, claro, a menos que seja obrigada a me afastar por causa da escola, fora isso, pretendo estar presente :3
      Oh, entendo.
      Parceria? Oh, Claro. Já vou adicionar seu blog aqui, ok? rs.
      Abraços xx

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  4. Desculpe apareCer aqui só agora XD
    Está tudo peeeerfeito!
    Amei tudo de verdade!
    Só achei o capitulo meio triste, mas como disse perfeito!
    Vê se não demora muito mais para postar o próximo, ansiedade esta me deixando aflita Haha
    Berreiros :*

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    1. Não tem problema não, rs.
      *o*
      Obrigada :33
      Mas a intenção essa jogar um balde de água fria na Amélia mesmo. Isto só deixo claro como as coisas serão daqui pra frente.
      Uhsuahsua, claro. Prometo não demorar muito, ok? rsrs
      Beijos xoxo

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  5. Olá Juh! Sua história é fantasticamente sentimental, parece que estamos a viver o mesmo cenário, isso é a prova de que está no caminho certo.
    O pai de Amélia me pareceu um pai distante dos filhos e estes carecem do seu amor a carinho. Tudo isto terá sido provocado pela presença de Catarina? E o irmão de Amélia? Imagino-o solitário estes anos todos separado da irmã e não se dando muito bem com o pai, daí passar o tempo no computador, talvez a sua única companhia.
    Adorei!

    Beijinhos!

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    1. Owwnt, muito Obrigada BeAz. Eu achei que ninguém iria gostar da história, sério 'o'
      Éé, por aí mesmo. Catarina tem grande influência sobre William, então é de se esperar tal ato. Ahh não, Bruce tem uma vida saudável até, claro, fora de casa com os amigos. Mas dentro, já é outra coisa, ushausausa.

      Beijinhos. Próxima atualização, lá pra Dezembro, ok?

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    2. Novo link para o Diário de BeAz:
      http://diariodebeaz.blogspot.pt/
      Fis umas alterações, espero que goste.
      Beijinhos!

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  6. Olaaa! :D
    Hoje comecei a ler a sua historia e estou realmente a adorar! Estou curiosíssima para saber o que se passou á 7 anos atrás para Amélia ir parar a um hospício! Vou seguir! ;) Beijinhos


    Ps: Se quiser, visite também as minhas historias!
    http://onceuponatime-thesims3.blogspot.pt/
    http://thehastings-thesims3.blogspot.pt/

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    1. Oie ^-^
      Seja Bem-Vinda ao meu pequeno hospício, Rita!
      Opa! Prometo fazer ser um motivo sério, saushaushausausa..
      Sua curiosidade em breve será saciada, hehe.
      Beijinhos.

      Ohh sim, eu prometo que dou uma olhadinha, assim que eu tiver um tempinho livre, to atolada de provas e trabalhos @.@

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    2. Quando tiver tempo! :D
      Estou ansiosa por um proximo capitulo! :D

      beijinhos

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  7. CADÊ A CONTINUAÇÃÃÃÃÃOOOO????

    EU TO EUFÓRICA AQUIIII!!!!!

    tenha piedade e poste logo o capítulo 4 xD

    Beijoos Jeh♥

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  8. Concordo com a Jessica cade a continuação

    bjs juuh

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  9. Oi!!!!! lembra-se de mim?? duvido, eai como vai "parceira"??
    acho que irei voltar com o tsims3stories.com ! passa la quando puder!!!!!
    -xoxo

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  10. Olá, adorei sua história, ja estou seguindo e vou acompanhar! ^^
    Será que poderia dar uma passadinha e ler minha historia? Ficarei feliz!
    Beijoos, se for possivel uma parceria, entre em contato pf! :D
    http://historiadajussims3.blogspot.com.br/

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  11. OOO MUIÉÉÉÉÉÉÉ VOCÊ TEM QUE VOLTAR COM A SUA HISTÓRIAAA!!!!!

    saudades guria ^_^)~~ beijão da Jeh♥

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